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Eu fui à Europa / Gás neon / Luzes da ribalta / Chão de estrelas / Sinal fechado Songtext
von Maria Bethânia

Eu fui à Europa / Gás neon / Luzes da ribalta / Chão de estrelas / Sinal fechado Songtext

Obrigada, senhores

Eu fui à Europa
Pra cantar samba-de-breque
Numa rádio de lá
Quando cheguei, foi um chuá
Meti minha bossa
Pra mostrar que a gente nossa
Também sabe cantar
Com aquele molho de abafar

E, de repente
Quando eu atuava naquela estação
Ouvi no estúdio, um barulhão
Correrias, tiros, comandos, uma confusão
Pararam até com a irradiação


Fui agarrada por dois soldados e um oficial
Que diz ser a tal
Que diz ser artista
Mas que não passa de uma espiã
Vai ser fuzilada amanhã
Eu disse logo: óh, minha gente, está equivocada
Eu canto samba e mais nada
Me responderam: esse seu samba é mensagem cifrada
Você está é camuflada
E me encostaram numa parede
Em frente a um pelotão
Me apontando o coração

Fiquei esperando a fria ordem de execução
Mas vejam só que situação
Me perguntaram
Qual era a minha última vontade?
Eu disse: a minha liberdade

Mas o oficial sacou da espada e levantou no ar
Já ia me bombardear
E de repente, a ordem "fogo" o oficial exclama
Eu acordei em baixo da cama
Foi tudo um sonho
Graças a Deus, um sonho e nada mais
Eu vou deixar de ler jornais

Viver essa longa avenida de gás neon
Portas de ouro e prata
Falsos sonhos nessas noites de verão
Faces coloridas, farsas de alegria
Beijo sem sabor
Gestos clandestinos, tontos e sedentos de amor


Espinhos, rosas, risos, pranto e tanto desamor
Corte, cicatrizes, gritos engasgados
Lágrimas de dor
Máscaras no rosto, continua a festa
No sorriso o sal
A orquestra geme as dores do palhaço
Triste marginal

Ai de quem mergulhar nesse mar de veneno
Nessa lama enfeitada, nesse sangue das taças
Temendo sofrer
Ai de quem quer negar esse mar de veneno
Mil vezes maldito na inconsciência
Das vidas à margem há de ser

Viver essa longa avenida de gás neon
Portas de ouro e prata
Falsos sonhos nessas noites de verão
Faces coloridas, farsas de alegria
Beijo sem sabor
Gestos clandestinos, tontos e sedentos de amor

Espinhos, rosas, risos, pranto e tanto desamor
Corte, cicatrizes, gritos engasgados
Lágrimas de dor
Máscaras no rosto, continua a festa
No sorriso o sal
A orquestra geme as dores do palhaço
Triste marginal

Ai de quem mergulhar nesse mar de veneno
Nessa lama enfeitada, nesse sangue das taças
Temendo sofrer
Ai de quem quer negar esse mar de veneno
Mil vezes maldito na inconsciência
Das vidas à margem há de ser

Vidas que se acabam a sorrir
Luzes que se apagam, nada mais
É sonhar em vão, tentar os outros iludir
Se o que se foi pra nós
Não voltará jamais

Para que chorar o que passou?
Lamentar perdidas ilusões
Se o ideal que sempre nos acalentou
Renascerá em outros corações

Minha vida era um palco iluminado
E eu vivia vestido de dourado
Palhaço das perdidas ilusões
Cheio dos guizos falsos da alegria
Andei cantando a minha fantasia
Entre as palmas febris dos corações

Tanta coisa que eu tinha a dizer
Mas me perdi na poeiras das ruas
Eu também tenho algo a dizer
Mas me foge a lembrança
Por favor, telefona, eu preciso beber alguma coisa rapidamente

Pra semana, o sinal
Eu procuro você, vai abrir, vai abrir
Eu prometo, não esqueço, não esqueço
Por favor, não me esqueça, não me esqueça
Adeus, adeus, adeus

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