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Alface Oculta Songtext
von João Berhan

Alface Oculta Songtext

Com todo este património, sapato chique a valer
Não me chamarão campónio, não me saberão esquecer
Botão de punho, anel na mão, servem-me o fato e a gravata
Construí o meu brasão com pedaços de sucata
O sonho que à frente punha era a nata querer prová-la
Com a fome que na unha, com as notas que na mala
Há quem ganhe, há quem lute e luta enquanto eu ia pondo
Mais champanhe no teu flûte, puta da Conde Redondo

Desculpa, minha querida
Não te quis fazer sofrer
Na verdade, nesta vida
Nunca fui quem queria ser


Queria até ser artista de bolero ou patinagem
Sou um homem progressista, tolero a paneleiragem
Que o meu puto era maricas e fui eu que achei por bem
Inscrever na sua lápide aqui jaz filho de alguém
O meu pai não era o louco de lá de Campo de Ourique
Chiça, penico, chapéu de coco, bateu as botas altas e stick
Padeceu de falecimento pendurado na parreira
Destinou-me em testamento um pulmão e uma carreira
Já despachei a madame para Cuba de viagem
Será cicerone de certame de cenas de alta cilindragem
Queria uma porca à mesa que o fosse também na cama
Calhou-me esta lady tesa, quando transa diz que me ama

Queimei o extracto bancário das minhas contas na Suíça
Alienei o nosso erário para fugir à Justiça
Se hoje sou do jet set quando ainda ontem era trolha
Entre a hipoteca e o sabonete, venha o diabo e escolha
Não me olhes a meia haste, faz-te cúmplice, de resto
Sempre me consideraste relativamente honesto
Procuram-me em toda a parte, condenado há mais de um ano
Mas se os homens são de Marte dão-me asilo em Urano
Que a Terra perdeu encanto, considero até Plutão
Entretanto, no entanto, canto mais uma canção

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