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Cálice (Ao Vivo) Songtext
von Gilberto Gil

Cálice (Ao Vivo) Songtext

O Cálice
Eu, eu, eu só, eu vou can...
Eu canto um pedacinho que eu me lembro só
Não, é porque, é porque tem uma
Tem... Quero! Me dá

É que tem uma parte da letra que é do Chico
Que eu não lembro
Que eu nem cheguei a aprender, porque...
É, eu explico porquê, porque, porque, eu cheguei...
Cheguamo na casa do Chico, e a gente decidiu
A gente ajeitou, decidiu...

Tá legal, pode me dá
Deixa eu explicar o que que aconteceu
Daí, eu, o Chi, o Chi, o Chico tinha
Não, peraí, deixa eu falar


Eu combinei com Chico que a gente ia fazer e tal
Levei um pedacinho das ideias que eu já tinha, escrito e tal
A gente concordou: Vamo fazer, vamo fazer
Daí viajou, veio pro interior de São Paulo
Fazer um parte do Circuito Universitário
E, e eu fiquei lá pelo Rio, depois eu vim e voltei

Quando chegou na véspera do, no dia do show
Na véspera do Anhembi, foi que a gente foi se encontrar
Então ele já ′tava com parte da letra dele pronta
E eu com a minha
Então ele cantava a parte dele e eu cantava a minha
E eu não se, não sa, não sei até hoje, mas, é...

Deixa eu, deixa eu cantarolar pra vocês aqui
Deixa eu ver como é que é

Pai, afasta de mim esse cálice
Afasta de mim esse cálice
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Pai, afasta de mim esse cálice
Afasta de mim esse cálice
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue


Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta, cálice

De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho de outra
Outra realidade menos morta, cálice
Tanta mentira, tanta força bruta

Pai, afasta de mim esse cálice
Afasta de mim esse cálice, pai
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Deixa eu lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado

Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento, cálice
Ver emergir o monstro da lagoa

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, oh, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta, cálice

É, mesmo, é, de que adianta
Esse pileque homérico no mundo, cálice
De que adianta ter boa vontade, cálice
Mesmo calado o peito, resta a cuca, cálice
Dos bêbados do centro da cidade

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado, cálice
Quero inventar o meu próprio pecado, cálice
Quero morrer do meu próprio veneno, cálice

Quero perder de vez tua cabeça, cálice
Minha cabeça perder teu juízo, cálice
Quero cheirar fumaça de óleo diesel, cálice
Me embriagar até que alguém me esqueça, cálice

Pai, afasta de mim esse cálice
Afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Posso ficar com ela? Posso ficar?
Posso guardar para mim?
Que não eu tenho a letra toda
Ás vezes eu fico em casa
Outro dia Caetano 'tava me pedindo: Cante aí
Eu digo: Eu não sei a parte do Chico

Então agora eu já posso cantar (de novo, de novo)
De novo?
Depois
No fim eu canto, no fim a gente canta

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